terça-feira, 26 de outubro de 2010

Clube do livro Mega Store Saraiva no Halloween!

Olá queridos!

Dia 30 de outubro, à partir das 18 horas, estarei na Mega Store da Saraiva no Shopping Recife participando do Clube do livro Saraiva Halloween, com meu livro Agridoce!


Quem estiver por perto, apareça para uma conversa sobre seres encantadores e sinistros! =)

Beijos!

sábado, 23 de outubro de 2010

Lançamentos de duas antologias nas quais sou autora convidada!


Gente... no dia do meu aniversário! (20 de novembro. É... eu sou de escorpião com muito orgulho!) será o lançamento de duas antologias do selo Estronho das quais participo como autora convidada e prefaciadora.
Pretendo dar uma voada até São Paulo e ir ver de perto o lançamento no meio de um evento com um nome bem sugestivo: JediCon! =)

Na antologia Extraneus - Medieval SciFi me vi desafiada a buscar elementos da ficção científica com os quais não me sinto tão à vontade. Foi uma experiência bem interessante e espero que o resultado agrade ao leitor. Nela está meu conto Punição.

Na antologia Histórias Fantásticas - volume I, há o prefácio que escrevi tentando abarcar uma grande variedade de viagens dos autores sobre um tema tão amplo!

O mundo da fantasia me encanta demais!

Para quem acompanha minhas produções é sabido que a série Crônicas do Reino do Portal vai ser lançada à partir do primeiro semestre do ano que vem!

Na antologia HF está meu conto Beltane, que conta parte da história do ser sombrio das Crônicas, Dimitri. Uma boa chance para conhecer um pouco do universo que está além do Portal!

Beijos!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Nova resenha do Gênese Pagã

Meu livro Gênese Pagã ganhou uma nova resenha!



Vejam no skoob: http://www.skoob.com.br/estante/livro/6993444



Ou aqui na comunidade Resenhas Literárias: http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=36063717&tid=5232957165280397915&start=1



Beijos e obrigada Rodolfo pela bela resenha!

domingo, 10 de outubro de 2010

Promoção de Halloween

Oi gente!!! Tenho duas promoções para vocês agora no mês de Outubro!!

Para quem gosta do sobrenatural, terror e suspense!!

Na compra de um dos meus livros AGRIDOCE (35,00), GÊNESE PAGÃ (30,00) OU TRISKLE (35,00)+ frete de 4,50, leve uma antologia a escolher: GRIMOIRE DOS VAMPIROS ou TRATADO SECRETO DA MAGIA.


Para quem gosta de romances românticos! Vejam a promoção em parceria com o site Amor e Livros!

sábado, 2 de outubro de 2010

Gênese Pagã - Capítulo I

CAPÍTULO UM

A forte chuva caía sobre a mata fechada. Adele correu o máximo que conseguiu, mas o peso em sua barriga a obrigou a parar mais uma vez para retomar o fôlego e controlar a forte dor no ventre. O estrondo de um trovão fez a criança saltar dentro dela.
- Te aquietes pequena, ainda não é chegada a tua hora! – ela acariciou a barriga sob o vestido encharcado que grudava em seu corpo.
Adele respirou fundo mais uma vez e caminhou rapidamente entre as árvores. Ouviu os cascos de cavalo que batiam nas poças d’água no chão de terra da estrada próxima. Prendeu a respiração e encostou-se a uma velha árvore. O tronco grosso exibia as marcas da idade e a sabedoria daquele ser. Adele sentiu o perfume da vida que havia ali e isso lhe trouxe uma súbita tranqüilidade. Encostada ao tronco, a jovem fechou os olhos sentindo o gosto doce da chuva que escorria pelos seus lábios.
- Acho que já se foram todas, senhor! – ela ouviu a voz de um dos homens a cavalo.
- Creio ter visto uma a correr por aqui. – uma outra voz masculina e grave falou alto no meio da chuva.
Adele ouviu um choro de mulher, mas não se atreveu a mexer-se detrás da árvore protetora.
- Levemos essa hoje. – uma terceira voz masculina se manifestou e foi interrompida por um relâmpago que encontrou uma árvore do outro lado da estrada.
Mais uma vez a criança se agitou tanto em seu ventre que Adele foi obrigada a se agachar para controlar a dor provocada pelo movimento brusco que a criança fez. Temia que a corrida e aquele estrondo forte e poderoso apressassem o nascimento da criança, não era a hora ainda, faltavam pelo menos mais duas luas pelos cálculos da mãe de Adele.
O som dos cavalos se distanciando fez o corpo da jovem relaxar e seu coração voltar a bater no compasso normal. A criança, entretanto, não parecia estar relaxada e sua barriga estava totalmente dura. Adele, então, se sentou sob a árvore e acariciou o ventre cantarolando uma música na velha língua...
A jovem Adele tinha apenas 17 anos e morava em uma pequena aldeia escondida no meio da floresta. Segundo sua mãe, uma mulher experiente, sábia e respeitada onde viviam, a aldeia fora criada por seus ancestrais oriundos de terras distantes, celtas. A velha língua, como chamavam aquela deixada como herança, fora se perdendo com o tempo, mas alguns membros eram sempre escolhidos para perpetuar o seu uso. Como ao longo dos anos outras aldeias se formaram também nas proximidades, a necessidade de comunicação obrigou o povo da aldeia de Adele a falar a língua comum... e, aos poucos, só alguns poucos ainda sabiam a língua ancestral. A mãe de Adele era uma delas e ensinara à filha canções que agradavam aos deuses. A canção que agora entoava para seu filho era aquela que agradava à Grande Deusa, que sua mãe chamava de Dana...
Lentamente a criança pareceu relaxar também e Adele encostou a cabeça na árvore e sorriu...
Naquela tarde, Adele e mais quatro jovens da aldeia tinham ido até o rio que eles chamavam de “verde” e que corria a dois quilômetros da aldeia. Elas levaram oferendas e “falaram” com a água, cantaram e dançaram para seus deuses pedindo proteção para a aldeia, saúde, boa colheita e os homens que desejavam... Delas, Adele era a única que não pedia pelo homem, pois já o encontrara e o filho que carregava era a prova de que os deuses aprovavam a união.
A chuva se transformou em uma fina garoa, que tornava o início da noite enevoado, Adele adorava aquela visão, parecia que os deuses cobriam carinhosamente a floresta com um tecido leve para que descansasse até que o sol voltasse a brilhar.
- Adele! Adele! – ela ouviu seu nome ser chamado por uma voz nervosa no meio das árvores.
Ela se esforçou para se levantar do chão. A roupa molhada a deixava ainda mais pesada. Agradeceu à velha árvore que a amparava cuidadosamente, enquanto se apoiava no tronco para se levantar.
- Adele! – a voz se aproximou.
- Estou aqui! – ela falou alto.
- Pelos deuses! O que fazes aqui? Quase me matas de preocupação! – o jovem a abraçou e ela se encostou em seu peito ouvindo o bater desesperado do coração dele.
- Alan... nos perseguiram... – ela falou olhando para os olhos verdes do pai de seu filho.
- Eu sei! – ele retirou uma capa que usava e a colocou sobre os ombros dela. – Eleonor chegou contando na aldeia... te procuro há tempos!
- Nosso bebé é que me forçou a parar... – ela sorriu segurando a barriga.
Os dois, então, caminharam por entre as árvores na direção da aldeia.
- Tua mãe disse-me que tinhas ido até o “verde”... nessas condições não deverias mais ir tão longe! – ele falava preocupado, seu cenho estava franzido e seus cabelos castanhos claros estavam encharcados.
- Fui ofertar as frutas doces que colhi para que nosso filho nasça bem... – ela falou se ajeitando sob os braços quentes dele.
Alan olhou para ela e sorriu.
- Não te preocupes... ficará tudo bem. – ele a beijou na testa.
Quando chegaram à aldeia a mãe de Adele estava à porta da casa feita de pedras com telhado de olmos e segurava um archote nas mãos. Ela olhou para a filha com preocupação.
- Adele! Onde estavas, pequena? – a mãe pegou um pano para que a jovem secasse os cabelos.
- Ela estava sob uma árvore... – Alan respondeu enquanto ajudava a mulher a tirar a roupa molhada.
- Nos perseguiram mamãe... – Adele olhou para a mãe que estava séria. – Estávamos no “verde” e ouvimos os gritos e os cavalos... Começaram a gritar um nome estranho... nos assustamos e fugimos...
- Quem eram eles, Adele? – Alan perguntou sério.
- Não sei! Não os vi! Corri sem olhar para trás... – ela disse entrando na tina de água quente que a mãe acabara de encher.
- Eleonor disse-nos que carregaram a rapariga Bruna. – a mãe de Adele falou se sentando ao lado da lareira de pedras.
- Eu... ouvi o choro dela... – Adele falou baixo, descobrira de quem era o choro. Depois de tirar a friagem do corpo, ela saiu da tina e Alan a cobriu com o linho ajudando-a a se secar. Ele passou a mão delicadamente pela barriga da mulher e sentiu o bebê que mexeu sentindo o toque dele. Adele segurou na mão dele e sorriu. – O bebé sentiu a energia da terra, mamãe! Ele se agitou tanto durante a tempestade que cheguei a pensar que queria sair-se para o mundo...
- Toma um pouco de infusão para aquecer a criança. – A mãe estendeu-lhe uma caneca de barro com a água fumegando e um perfume maravilhoso de ervas. A mãe de Adele era a especialista da aldeia em infusões.
O líquido desceu quente e o corpo da jovem imediatamente se aqueceu. Alan, depois de ajudar a mulher e de, também, se secar, se sentou ao lado da lareira e começou a amolar sua faca, tinha o olhar sério, pensativo.
- Amanhã precisamos buscar notícias de Bruna. – Gleide falou tomando um pouco do chá.
- Quem poderiam ser aqueles homens? – Adele perguntou olhando para dentro de sua caneca. – Por certo nos confundiram com outras, pois gritavam o nome “bruxas”... Será por isso que carregaram Bruna? Por certo se confundiram... – ela concluiu baixo.
- Não, pequena. Já me contaram sobre esses homens... – Gleide fitou as chamas da lareira. – Eles estiveram em uma aldeia aqui perto.
- A aldeia queimada? – Alan levantou os olhos verdes que brilhavam iluminados pelo fogo da lareira. Gleide olhou para ele, preocupada, e assentiu.

Dom Couto entrou nervoso na casa de pedras que era a maior da Vila dos Canetos e jogou o chapéu para o lado. Imediatamente seus escravos vieram em seu socorro ajudando-lhe a se livrar das roupas molhadas. Atrás dele entraram dois rapazes igualmente encharcados. Douglas e Diogo, seus filhos gêmeos de 21 anos. Os três estavam armados com suas pistolas e espadas elegantes, presentes da coroa portuguesa.
- Este lugar está a salpicar bruxas! – o homem de cerca de 45 anos com os cabelos castanhos encaracolados e que atingiam seus ombros falou irritado olhando para seus filhos. – E só conseguimos capturar uma?
- Papá, não sabemos se a rapariga é uma bruxa... ainda. – Diogo falou receoso.
- És um fraco, Diogo! Não viste que estavam a dançar às margens do rio? Elas riam e agitavam seus vestidos! – ele vociferou diante do filho.
- E encontramos cestos com produtos de bruxaria... – Douglas ajudou o pai.
- Eram somente frutas, Douglas! – Diogo riu e balançou a cabeça.
- E a chuva que mandaram sobre nossas cabeças? – Douglas encarou o irmão que era idêntico a ele, ambos eram altos com o corpo forte, os cabelos escuros que caíam sobre os ombros, os olhos quase negros e a pele clara. A diferença entre os dois estava na falta de um dedo em Douglas, seu polegar direito fora arrancado em um acidente que sofrera quando ainda era muito pequeno. A falta do dedo não comprometeu a habilidade dele, que aprendera a usar a espada com a mão esquerda e era muito bom, melhor que seu irmão destro.
Diogo apenas olhou para o irmão depois do comentário e riu saindo à procura de uma sopa quente para aquecer-lhe os ossos.
- Diogo deveria tornar-se padre. – Douglas falou bravo para a escrava que terminava de enxugá-lo.
Dom Couto voltou para a sala onde a mesa estava posta com pães e três pratos de sopa fumegante. Diogo já estava sentado devorando sua comida, quando o pai e o irmão se sentaram.
- Devemos ver se o padre já falou com a rapariga. – Dom Couto disse comendo uma grande colherada de sopa. – E não quero saber de piedade dessa vez. – ele olhou sério para o filho Diogo.
- De nada adiantou apiedar-me daquelas famílias... não acabamos por colocar fogo em tudo? – ele levantou os ombros.
- Mas me fazes perder a autoridade! – Couto bateu na mesa com força. – Estamos aqui para cumprir a missão divina de varrer os pagãos dessas florestas e não para nos importarmos com suas vidas!
- Como quiseres papá. – Diogo falou afastando o prato de sopa que havia terminado de comer.
- Tu és um cristão, filho! Deves orgulhar-te de ser responsável pela divulgação da fé verdadeira! – Dom Couto se acalmou e olhou para o filho. – Tua mãe ficaria orgulhosa de ti. – ele fez o sinal da cruz e olhou para cima.
- Posso retirar-me? – Diogo apenas olhou para seu pai sem qualquer mudança na expressão no rosto.
- Podes. – o pai falou sério e depois, olhando para Douglas, balançou a cabeça.
Uma hora mais tarde, o padre, um senhor de meia idade que usava a tonsura e um hábito preto longo que estava com a barra toda enlameada, apareceu esbaforido na casa de Dom Couto.
- Senhor... é melhor ires à câmara. – o padre falou mal levantando os olhos.
- Então, padre... conseguiste a confissão ou a conversão da nova rapariga? – ele perguntou sem olhar para o padre enquanto terminava de colocar a capa marrom sobre a roupa e pegar o chapéu preto de abas largas colocando-o na cabeça.
- Ela está inacessível, senhor. Quando o inquisidor virá? – o padre disse andando apressadamente ao lado de Dom Couto.
- Ele virá quando tivermos um bom número reunido, já me informou. – Dom Couto falou com a voz grave enquanto passavam por trás da pequena igreja da vila.
Dois homens guardavam a entrada de um porão que estava fechado com uma porta de madeira trancada por um enorme cadeado. Quando viram a figura imponente de Dom Couto, apressaram-se em destrancar a porta e abri-la.
O odor de sujeira vinha do lado de dentro e algumas pessoas gemiam. Dom Couto desceu a escada de madeira e entrou no corredor de terra onde havia várias celas iluminadas pelas pálidas chamas de archotes presos às paredes de terra. O sol nunca entrava ali, o cheiro era de umidade, urina e fezes. Vasilhas de barro estavam jogadas aos lados das celas. Eram usadas para distribuir a comida aos prisioneiros. No fundo da câmara, ao lado de uma forja, havia um homem robusto que martelava alguns grilhões sobre uma bigorna. Dom Couto se aproximou e o homem apenas apontou para uma das celas.
A jovem estava deitada no chão, encolhida, tremendo, sua boca estava roxa e a pele branca estava suja de lama. Ela delirava com febre.
- Grande Mãe me ajude... – ela falava muito baixo e sua voz tremia. – grande Dagda...
Dom Couto pediu para que abrissem a porta da cela.
- Por quem ela chama, padre? – ele olhou para o padre ao lado dele e ele levantou os ombros.
- O que fazemos aqui, senhor? – uma voz de mulher veio de uma cela em frente. – Não somos criminosos, não roubamos nada, não matamos ninguém...
Dom Couto se virou para a mulher e fez a pergunta secamente.
- És cristã? – ele a encarava.
- Eu... não sei, senhor... – a mulher se retraiu. Dom Couto riu alto e o som de seu riso ecoou pela câmara.
- Estás vendo? És uma pagã! Uma adoradora do demônio! – ele falou e deu as costas para a mulher, que com certeza não sabia a resposta que deveria dar. – Padre – ele se voltou novamente ao sacerdote. – Tire essa daqui e dê uma túnica seca, quando ela estiver melhor leve-a para falar comigo. – Ele olhou para a jovem jogada no chão, o vestido molhado e rasgado deixava à mostra um dos pequenos seios, que denunciavam que não deveria ter mais de 14 anos.
O padre, então, pediu a um dos guardas que o ajudasse a levar a jovem para a casa de uma beata e, com extrema facilidade, o homem ergueu a jovem miúda do chão e a levou para fora da câmara..